quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Edição nº3



Crónicazinha...

Foi com muito interesse que aceitei o desafio que me foi feito pelo jovem Pedro Lucas, para escrever sobre cultura. Pelo estímulo que senti em corresponder à criatividade, ao espírito de iniciativa e ao desejo de intervenção de um grupo de jovens, na vida cultural da cidade. Pela surpresa que tive ao ler o Boletim “Fazendo”- a originalidade do desenho que compõe a capa, os textos sobre literatura, música, ciência, ecologia; a provocação ambientalista da primeira página, “recicle este jornal ou recicle-se a si...”
É, sem quaisquer dúvidas, um convite à reciclagem da apatia, do desinteresse e do afastamento das coisas públicas. É uma atitude nova, meritória, que indicia a vontade de um grupo de jovens em participar nas produções culturais; em criar espaços de encontro de ideias; em promover o debate e a reflexão; em criar lugares inovadores e novas identificações estéticas, urbanas.

Há que partir deste pressuposto: a cultura, tal como todas as produções humanas, é um espaço vivo; um espaço de construção de experiências individuais e colectivas; um espaço simbólico da língua, da música, das produções materiais: artefactos, catedrais, pontes, estradas, um poema... A cultura é muito mais que erudição; é património humano que suporta a arquitectura dos povos e das comunidades. É vida comum; partilhada na sua força simbólica e criativa. É participação. É cidadania. É educação. É a capacidade de transformar o espaço e o tempo que constituem o presente e projectar-se, em esperança, no futuro.



Hoje, na cidade da Horta, respiramos uma atmosfera cultural que mergulha as raízes em experiências do passado, sobretudo nas áreas da música popular e do teatro, que se recriam, na contemporaneidade, em manifestações estéticas muito originais. Ao lado de bandas centenárias surgem grupos de música experimental, nas áreas do jazz, pop, rock, entre outros. Há experiências singulares nas artes plásticas, na literatura, nas artes dramáticas. Este fôlego nas produções artísticas de uma comunidade, constitui a verdadeira cultura. Porque traduz uma mudança, coesão e envolvimento dos grupos. Não se pode confundir estas produções com os eventos culturais que ocorrem pontualmente, por muito interessantes que possam ser. Para além do ressurgir das artes, há esta novidade da participação pública dos jovens, na área cultural e da divulgação das artes, que é um sinal extraordinário de que esta comunidade está viva.

Maria do Céu Brito

Colaboradores:
Ilustração: Pedro Solà
Crónica: Maria do Céu Brito
Em cima do Joelho: Jacobino Louco
Ciência: Rui Prieto

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