quinta-feira, 30 de julho de 2009

Edição nº22


Fazendo - Capitulo I


Iniciou-se o Fazendo com o Outono passado. Chegados ao meio do Verão decidimos dar por encerrado o primeiro ciclo deste nosso boletim e fazer uma pequena pausa antes de regressarmos novamente com a estação das frutas (a comunicação social mais ligada à cultura chama-lhe reentrèe).

Fim de um ciclo, dizemos. Primeira etapa de um percurso que nos atrevemos a chamar colectivo – e assim o queríamos. Seguindo um paradigma recente de informação democratizada, pretendeu-se estimular a comunidade a criar mais oferecendo-lhe uma janela para mostrar essas criações. Simultaneamente fomentou-se a partilha de conhecimentos e discussão daquilo que outros fazem, noutras comunidades, para que possamos integrar esses elementos novos naquilo que fazemos. Na primeira edição afirmáva-mos não ter “jornalistas creditados, profissionais peritados ou críticos conceituados”, somente uma vontade de fazer e de crescer colectivamente que, achamos nós, foi bastante partilhada ao longo deste ano. No entanto, pode e deve ser mais.

Cultura e ciência, duas disciplinas que ao longo da história mantiveram um diálogo constante - ora servindo a ciência como matéria da arte, ora a arte aproveitando-se dos progressos da ciência para veicular a sua expressão – foram o objecto escolhido. Não gratuitamente, diga-se.

Pode-se entender a cultura como espelho social e individual, meio de reflexão e até de educação. Embora muitos a achem supérflua é inegavelmente uma constante no quotidiano, quer nos objectos a que agora chamamos artesanato e que um dia foram instrumentos de trabalho imprescindíveis, quer mais recentemente na música que não podemos deixar de ouvir quando vamos ao supermercado, nas esculturas que adornam rotundas, no design inerente a qualquer publicação ou até numa certa plasticidade artística que subtilmente vai sendo utilizada por alguma telepublicidade mais arrojada. Querendo ou não, vivendo numa sociedade ocidental (ou ocidentalizada), atrevo-me a dizer que a cultura é algo que está praticamente em toda a parte e que é impossível não consumir. Ora, utilizando uma analogia dietética, qualquer pessoa compreende que aquilo que come é literalmente o que vai constituir o seu corpo e daí se compreender a necessidade de algum cuidado com os alimentos escolhidos. Saber escolher, filtrar e interpretar o que irá ser alimento dos restantes sistemas que não o digestivo, torna-se imperativo para cuidar de outros tipos de saúde não menos importantes. Nem toda a gente tem de saber quem foi Schubert da mesma maneira que um erudito em Sartre não tem de saber arranjar o carro. A quantidade de informação e de estímulos é cada vez maior e a necessidade de escolher e filtrar, inevitável. Alguma atenção a esse bicho estranho da cultura, como ao menos estranho que é a ciência, pode contribuir para essa melhor saúde, penso. O próprio exercício criativo ajuda a pôr as ideias em ordem.

Para finalizar, que o esforço no sentido de uma comunidade em crescimento (pelo menos qualitativo) seja cada vez mais partilhado e que se abandonem preconceitos que para isso em nada contribuem - o de elitismo da cultura à cabeça. Até à “reentrada”, em setembro, agradecemos a todos os que participaram neste projecto, e mais uma vez deixamos aqui um braço estendido e um convite reiterado para que mais o vão fazendo.


Pedro Lucas


Colaboradores:

Ilustração: Francisco Silva
Crónica: Pedro Lucas
Chegadas: Aurora Ribeiro
Gatafunhos: Tomás Silva
Arquitectura e Artes Plásticas: Ana Correia, Aurora Ribeiro e Pedro Monteiro
Literatura: Ilídia Quadrado
Ciência e Ambiente: Dina Dowling e Filipe Moura Porteiro
Lacunas: Tomás Silva


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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Edição nº21


Crónicazinha


Perspectivar o futuro do edifício do Banco de Portugal reclama o conhecimento da sua história, do que representou e representa, ainda hoje, no contexto urbano da cidade da Horta. Este edifício marcante foi construído nos anos trinta do século XX e faz parte de "um todo coerente"*, que constitui a área urbana do centro da cidade. A fachada em pedra calcária dialoga com o basalto negro que reveste a fachada da Igreja de S. Francisco, construída no sec XVII e a leveza do Jardim Eduardo Bulcão.

Enquanto interventora cultural, só posso desejar que o edifício do Banco de Portugal seja um Espaço destinado às Artes; uma Academia de Artes.

Fundamento: a dignidade do edifício justifica que o Município lhe dê um fim social e culturalmente nobre. O facto de ser constituído por dois pisos permite projectar oficinas no res-do-chão e exposições no primeiro piso, uma área completamente revestida a mármore, com uma enorme dignidade.

É possível ainda projectar jardins e uma Residência de Artistas no espaço exterior, contíguo à Rua Conselheiro Miguel da Silveira. A recente exposição de pintura de Pedro Solá demonstra que a ilha é um espaço de criação, por excelência, para aqueles que libertos da alienação do quotidiano, se entregam às artes e ao processo criativo.

* in Inventário do Património Imóvel dos Açores

Maria do Céu Brito


Colaboradores:

Ilustração: Ana Correia
Crónica: Maria do Céu Brito
Chegadas: Aurora Ribeiro
Gatafunhos: Tomás Silva
Cinema: Aurora Ribeiro
Música: Eugénio Viana
Arquitectura e Artes Plásticas: Ana Correia e Eugénio Viana
Literatura: Ilídia Quadrado
Ciência e Ambiente: Cristina Caravalhinho e Dina Dowling 
Lacunas: António Jorge da Câmara, Rui Assunção e Tomás Silva


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