sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Edição nº51


Crónica

Pensar Global, Agir Local

O Município da Horta prosseguiu e aprofundou em 2010 o seu compromisso de implementação da Agenda 21, um instrumento assente no desenvolvimento sustentável cujo lema é Pensar Global, Agir Local.
Transversal à sociedade, cruza os grandes sectores de desenvolvimento com equilíbrio, consistência e flexibilidade, caracterizando-se, essencialmente, pela inovação, envolvimento comunitário, parceria, interacção, responsabilização e confiança, integrando factores económicos, sociais e ambientais.
Em 2009 foi criado o Grupo Coordenador, com representantes da autarquia e de algumas forças vivas do concelho, e foi assinada a carta de Aalborg, que nos vincula ao processo da Agenda 21, cumprindo-se a primeira fase do processo.
Em 2010 as nossas metas foram de aprofundamento de conhecimentos, de sensibilização a todas as forças vivas da sociedade (Escolas, Juntas de Freguesia, Instituições Governamentais, Universidade – DOP e Universidade Sénior, Associações Culturais, Organizações Ambientais, de Serviço Social, Câmara de Comércio e Indústria da Horta, Empresas, Órgãos de Comunicação Social), e de diagnóstico, seguindo, desde logo, as recomendações internacionais, com as adequadas adaptações locais.
A sensibilização teve duas componentes: interna e externa. A interna começou, numa primeira fase, pela divulgação na Câmara Municipal da Horta das boas práticas já instituídas e a sensibilização para as que ainda não fazem parte do nosso quotidiano; numa segunda fase, pretendeu atingir os sectores mais decisivos da comunidade local numa sensibilização externa que vai continuar em 2011.
2011 – o ano da mobilização
A mobilização irá concretizar-se principalmente a partir do diagnóstico que determinará as áreas onde devemos incidir um plano de acção a estabelecer com o apoio de toda a sociedade.
Para fazer a caracterização do faialense, circulará um questionário a partir do dia 17 deste Dezembro, que continuará em Janeiro de 2011 até se recolher uma amostragem fidedigna da população: dez por cento. Os temas são os pilares da Agenda 21 Local e irá detectar os hábitos e a disponibilidade para a mudança dos faialenses, auscultando a sua opinião sobre o seu nível de satisfação com as instituições.
A fase de elaboração do plano de acção identificará as necessidades, as expectativas, os recursos, as prioridades, e promoverá ainda a sustentabilidade ao nível local e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e do ambiente, bem como o bem-estar social.
Esta fase compreenderá a criação de outros grupos de trabalho e de um fórum participativo que, em estreita colaboração com o grupo coordenador participarão na reflexão e na construção de uma rede de desenvolvimento de um trabalho articulado e abrangente que irá tocar as áreas da Agenda 21 para promover a sua sustentabilidade: ambiente, sociedade e economia.

Alzira Silva - Vereadora da Câmara Municipal da Horta

Colaboradores:


Capa: "Mocho" de Diana Catarino Literatura: Luís São Bento
Arquitectura e Artes Plásticas: Ana Correia
Música: Andreia Rosa
Teatro e Cinema: Lia Goulart e Maria do Céu Brito
Ciência e Ambiente: Roman e Teresa, Valentina de Matos
Gatafunhos: Tomás Silva

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Edição nº 50


Crónica
Cinquenta
Lembram-se que nos livros do Astérix, todas as histórias começavam com uma apresentação da aldeia em que diziam que estávamos no ano 50 A.C. e que nem toda a Gália estava ocupada pelos romanos? É uma datação especial, não só por ser sempre a mesma em todas as aventuras, como pela particularidade de ser 50 anos antes de Cristo. É especial o facto de dizer "estamos no ano de" e não "estávamos no ano de". Claro que em 50 A.C. ninguém dizia "Estamos no ano 50 A.C.", porque ninguém podia adivinhar que dentro de 50 anos ia nascer alguém cuja importância fosse suplantar a de Júlio César. E em 50 A.C. nem sequer tinha começado ainda a Era de César, que só teria início 12 anos mais tarde, em 38 A.C. Este exemplo só é para aqui chamado para nos situarmos na dimensão convencional do tempo e, mais concretamente, dos números.

É que o tempo conta-se assim: começamos num princípio que somos nós que escolhemos e, vamos por aí afora a contar o tempo de forma crescente. Normalmente há sempre mais e mais tempo acumulado. A menos que estejamos a falar de Mundiais de Futebol ou coisas assim Grandiosas como essas, em que se afixam uns grandes relógios/calendários a dizer "Faltam X dias" e o número vai decrescendo até chegar ao bombástico final, o zero, apito da partida.
Celebrar um aniversário, ou um Jubileu (que é quando se celebram 50 anos, ou múltiplos deste) só faz sentido num espírito de convenção. Porque tudo isto são invenções humanas. De "alguns" humanos... Os próprios números foram inventados. Um, dois, três e muitos é o total de percepção numérica que têm alguns animais e povos humanos.

Então, se isto é tudo invenção, coisas abstractas, porque é o 50 melhor ou mais importante que o 49 ou que o 51? Porquê também, assinalar a quinquagésima edição deste jornal? E nem são 50 anos. São só 50 edições...

Cinquenta é, sobretudo, um número de respeito. Deus disse que preservaria a cidade de Sodoma se encontrasse por lá 50 pessoas rectas. Não encontrou. Mas se tivesse encontrado! As outras podiam ser piores que o Diabo, que se houvesse 50 pessoas rectas, por causa delas, a cidade não estaria perdida. Cinquenta é então um número a partir do qual a coisa começa a ser sólida, a ter corpo, a existir!

No Antigo Testamento (Levítico 23: 14-16) contavam-se cinquenta dias desde a Festa dos Primeiros Frutos para celebrar o Pentecostes que significa em grego "Quinquagésimo". No Calendário Cristão, os cinquenta dias passam a contar-se a partir da Páscoa, para celebrar a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos… esta é, como se sabe, a mais característica festa religiosa açoriana.

E há a história das Danaides, da mitologia grega. A Danaides eram 50 filhas de Danao. O irmão de Danao, Egito, rei das Arábias e do actual Egipto, tinha 50 filhos: os Egitíades. Egito teve a ideia muito prática de casar os primos todos entre si, para preservar a linhagem, contra a vontade de Danao. Após ter perdido uma guerra, da qual teve que fugir, Danao foi obrigado a aceitar a proposta casamenteira, mas entregou a cada uma das raparigas uma adaga e ordenou-lhes que matassem o seu marido na noite de núpcias. Houve uma que não o fez (Hipermnestra poupou o noivo Linceu). As restantes 49 obedeceram ao pai e continuam ainda hoje e por esse motivo, no Tártaro, Hades, a encher de água um tonel sem fundo, num dos variados e imaginativos suplícios que os deuses gregos souberam inventar.

Por falar em casamentos, 50 anos do mesmo (as Bodas de Ouro), são o patamar mais glorioso da vida conjugal, que, ironicamente, se associam mais a uma batalha vitoriosa do que a um duradouro e áureo deleite.

O número cinquenta é também sempre o de uma metade. Não só em termos percentuais mas principalmente eles são a metade da nossa Esperança Plena de Vida, já que não conhecemos casos de imortalidade. Depois dos cinquenta, não há cá setenta e cincos… Os olhos ficam postos é nos 100.

Aurora Ribeiro

Colaboradores:

Capa: as 49 capas do Fazendo
Artes Plásticas: Ana Correia
Teatro e Cinema: Urbano Bettencourt e A.R.
Teatro e Cinema: Tiago Vouga
Ciência e Ambiente: Ana Sofia Matos e PNF
Gatafunhos: Tomás Silva

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