sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Edição nº8




Subitamente, estávamos nós a regressar calmamente de merecidas férias de Verão e eis que o Mundo todo se sobressalta e desaba sobre as nossas ingénuas e inocentes cabeças.

O poderoso sistema financeiro, boi sagrado da nossa civilização, adorado nas mais luxuosas catedrais do dinheiro, entra em colapso, arrastando em cascata milhares de empresas, provocando desemprego por todo o lado e originando uma crise devastadora cujos contornos e efeitos ainda não se conhecem na totalidade e que, certamente, levará anos a superar.

De então para cá não se fala de outra coisa com os jornais, rádios e televisões a desdobrarem-se diariamente em terríveis noticias como se o Mundo fosse acabar. Todos os dias surgem novas falências, mais dificuldades sempre para os mesmos, mais desemprego, caem as metas e os pactos de estabilidade que, com sacrifício, nos obrigavam a cumprir e os Países entram em recessão.

Os paladinos do neo-liberalismo interrogam-se e “deitam as culpas” às entidades reguladoras do sistema que teriam negligenciado a sua acção.
Os economistas de serviço, apanhados de surpresa tal como nós, afirmam agora que já estavam à espera desta desgraça e multiplicam-se em explicações que não convencem ninguém.

É um verdadeiro pandemónio!

Nos EUA, dezenas de bancos entram em falência a começar pelo Lehman Brothers, o quarto maior do ranking, que perde 7 mil milhões de dólares no primeiro semestre de 2008. O mesmo acontece com as seguradoras de referência, sendo necessário, em alguns casos a intervenção do Estado para evitar falências em cadeia. Quem poderia imaginar “ nacionalizações” na terra do Tio Sam!

Alan Greenspan, o insuspeito ex-director da Reserva Federal Americana, surge então a dizer que se tinha enganado todos estes anos e que afinal o mercado era incapaz de se auto-regular. Por onde andará a “mão invisível” de Adam Smith? Terá sido amputada?

O “respeitável” Bernard Madoff, ex-presidente da NASDAQ, é detido em 11 de Dezembro, acusado de uma gigantesca fraude que atinge 50 mil milhões de dólares, envolvendo bancos, investidores particulares, universidades e até instituições de caridade, um pouco por todo o planeta.

O mercado bolsista cai a pique em Nova York, em Tóquio, em Londres, em Paris e por aí fora.

Portugal não escapa e depois do que vinha a ser investigado relativamente ao BCP e do que se andava a dizer sobre a “Operação Furacão”, eis que o Estado deita a mão ao BPN e detém o impoluto cidadão José Oliveira e Costa, gestor do banco e antigo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, acusado de abuso de confiança e fraude fiscal. Sim, o mesmo que tratava dos nossos impostos!

Depois é o BPP a ser socorrido e milhões de euros disponibilizados pelo estado aos bancos, para salvar o sistema.
Gente séria, esses gestores, com belas vidas, chorudos salários, bónus, prémios de gestão e toda a sorte de prebendas.

Afinal, acreditar em quem?
Afinal onde guardar, com segurança, o nosso dinheirinho, produto a maior parte das vezes, de anos e anos de poupança?

Por mim e por via das dúvidas, vou guardar o pouco que tenho debaixo do colchão, como se fazia antigamente!




Fernando Menezes


Colaboradores:

Ilustração: Fábio Ribeiro
Crónica: Fernando Menezes
Gatafunhos: Tomás Silva
Chegadas: Aurora Ribeiro
Cinema: Fausto André
Teatro: Filipe Porteiro
Artes Plásticas: Ana Correia
Ciência: Pedro Afonso


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