segunda-feira, 21 de março de 2011

Edição nº56





Crónica

Dia Mundial do Teatro

O Dia Mundial do Teatro é comemorado a 27 de Março. Uma das mais importantes manifestações desta comemoração é a difusão da mensagem escrita por uma personalidade de dimensão mundial, convidada pelo Instituto Internacional do Teatro, para partilhar as suas reflexões. Esta mensagem é traduzida em mais de vinte línguas e lida perante milhares de espectadores antes dos espectáculos de 27 de Março, nos teatros do mundo Inteiro.

Este ano a personalidade escolhida foi a africana Jessica Atwooki Kaahwa.

Nota Biográfica de Jessica Atwooki Kaahwa

Professora titular no Departamento de Música, Dança e Teatro da Universidade de Makerere, no Uganda. É doutorada em Teatro, História, Teoria e Crítica pela Universidade de Maryland, nos EUA.

Dramaturga, actriz e directora do teatro académico, escreveu mais de 15 peças de teatro, televisão e rádio.

Distingue-se pelo seu trabalho humanitário. Utiliza o teatro como meio de desenvolvimento humano e como força construtiva em zonas de conflito.

Esta personagem multilingue é acérrima defensora dos direitos humanos, da igualdade de género e da paz.

Mensagem do Dia Mundial do Teatro
O TEATRO AO SERVIÇO DA HUMANIDADE
por Jessica Atwooki Kaahwa

Este é o momento exacto para uma reflexão sobre o imenso potencial que o Teatro tem para mobilizar as comunidades e criar pontes entre as suas diferenças.

Já, alguma vez, imaginaram que o Teatro pode ser uma ferramenta poderosa para a reconciliação e para a paz mundial?

Enquanto as nações consomem enormes quantidades de dinheiro em missões de paz nas mais diversas áreas de conflitos violentos no mundo, dá-se pouca atenção ao Teatro como alternativa para a mediação e transformação de conflitos. Como podem todos os cidadãos da Terra alcançar a paz universal quando os instrumentos que se deveriam usar para tal são, aparentemente, usados para adquirir poderes externos e repressores?

O Teatro, subtilmente, permeia a alma do Homem dominado pelo medo e desconfiança, alterando a imagem que tem de si mesmo e abrindo um mundo de alternativas para o indivíduo e, por consequência, para a comunidade. Ele pode dar um sentido à realidade de hoje, evitando um futuro incerto.

O Teatro pode intervir de forma simples e directa na política. Ao ser incluído, o Teatro pode conter experiências capazes de transcender conceitos falsos e pré-concebidos.

Além disso, o Teatro é um meio, comprovado, para defender e apresentar ideias que sustentamos colectivamente e que, por elas, teremos de lutar quando são violadas.
Na previsão de um futuro de paz, deveremos começar por usar meios pacíficos na procura de nos compreendermos melhor, de nos respeitarmos e de reconhecer as contribuições de cada ser humano no processo do caminho da paz. O Teatro é uma linguagem universal, através da qual podemos usar mensagens de paz e de reconciliação.

Com o envolvimento activo de todos os participantes, o Teatro pode fazer com que muitas consciências reconstruam os seus pré-conceitos e, desta forma, dê ao indivíduo a oportunidade de renascer para fazer escolhas baseadas no conhecimento e nas realidades redescobertas.

Para que o Teatro prospere entre as outras formas de arte, deveremos dar um passo firme no futuro, incorporando-o na vida quotidiana, através da abordagem de questões prementes de conflito e de paz.

Na procura da transformação social e na reforma das comunidades, o Teatro já se manifesta em zonas devastadas pela guerra, entre comunidades que sofrem com a pobreza ou com a doença crónica.

Existe um número crescente de casos de sucesso onde o Teatro conseguiu mobilizar públicos para promover a consciencialização no apoio às vítimas de traumas pós-guerra.

Faz sentido existirem plataformas culturais, como o Instituto Internacional de Teatro, que visam consolidar a paz e a amizade entre as nações.

Conhecendo o poder que o Teatro tem é, então, uma farsa manter o silêncio em tempos como este e deixar que sejam “guardiães” da paz no nosso mundo os que empunham armas e lançam bombas.

Como podem os instrumentos de alienação serem, ao mesmo tempo instrumentos de paz e reconciliação?
Exorto-vos, neste Dia Mundial do Teatro, a pensar nesta perspectiva e a divulgar o Teatro, como uma ferramenta universal de diálogo, para a transformação social e para a reforma das comunidades.

Enquanto as Nações Unidas gastam somas colossais em missões de paz com o uso de armas por todo o mundo, o Teatro é uma alternativa espontânea e humana, menos dispendiosa e muito mais potente.

Não será a única forma de conseguir a paz, mas o Teatro, certamente, deverá ser utilizado como uma ferramenta eficaz nas missões de paz.

Anabela Morais

Colaboradores:


Capa: http://cidadepintada.blogspot.com
Arquitectura e Artes Plásticas: Paula Bacelar
Literatura: Tomás Melo
Teatro: Miguel Machete
Ciência: Fernando Nunes, Carla Veríssimo, PNF
Gatafunhos: Tomás Melo

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quarta-feira, 16 de março de 2011

ÚLTIMA CHAMADA


PROCURA-SE
Banksy no Faial

Não sendo muito verosímil que o londrino Banksy, algures entre uma exposição em LA e umas "tags" no muro na Faixa de Gaza, tenha passado pelo Faial para desenhar umas mulheres do Capote, aqui no Fazendo chegámos à elementar conclusão de que há um novo talento no vasto mundo da street-art faialense (vá, talvez não é assim tão vasto).
Desde que a excelente equipa de olheiros do Fazendo tomou conhecimento deste facto (num telejornal da RTP-Açores, vejam só a quantidade de tecnologia ao nosso dispor) que tentamos localizar o artista para lhe oferecer um faixa e um ramo de flores. Não conseguimos.
Mas tamanha perspicácia deve ser premiada e só por isso o Fazendo faz um fastidioso, fustigado e festivo apelo ao fugitivo (ou move, ou ratinho giro..)(e atenção também porque um apelo aliterado em "fsshhh" não é todos os dias que aparece) para que faça chegar um trabalho gráfico da sua autoria à nossa caixa de correio electrónica - vai.se.fazendo@gmail.com - que será magistralmente exibido na capa do Fazendo. (uma foto duma tag nova por exemplo era muito giro, mas também pode ser uma pintura naturalista). No mesmo mail deve também vir uma prova irrefutável da autenticidade da peça, que será exaustivamente analisada pela nossa equipa forense (que é a mesma dos olheiros mas com mais equipamento).
É favor reencaminhar esta mensagem a todos os vossos contactos na melhor tentativa de chegar ao dito cujo.

Fazendus

P.S. Garantimos toda a discrição relativamente ao endereço electrónico do remetente mas, pelo sim pelo não, aconselhamos a que crie uma conta para o efeito.



quarta-feira, 9 de março de 2011

Edição nº55




Crónica

Mercado de trocas: inédito?

Inédito disseram-me, quando expliquei a uma das pessoas o que era o mercado de trocas directas que vai ter lugar no Castelo de S. Sebastião dia 26 de Março.

Estas coisas das trocas directas, tão comuns nas zonas rurais e no antigamente um pouco por todo o lado, foi/é uma forma encontrada de quem tinha/tem produtos em excesso poder obter outros de que necessitava.

“Queres ovos?”, “Tenho plantio de…” E, penso, um novo ano, um novo ciclo se inicia… Porque não equilibrar?
Desde 1998, quando cheguei ao Faial, tenho contactado com pessoas e hábitos curiosos. Muito me alegra ouvir este apego à Terra e à generosidade, quanto não se ganha ainda com a partilha?!... (Muitíssimo). É esse o grande objectivo deste mercado, partilha de saberes/experiências ligados à terra tendo por pano de fundo a troca directa. Neste dia e local, qualquer pessoa pode trocar certos produtos desde que não seja por dinheiro; não são necessárias inscrições, basta aparecer e trocar.

O mercado de trocas está previsto apresentar-se nesse mesmo local em quatro épocas durante este ano, quase semelhante às estações: Março, Maio, Setembro e Novembro (últimos sábados). Para além dos produtos da terra mais evidentes, podem trocar-se: estacas, sementes, plantios, compotas, plantas aromáticas e/ou ornamentais, flores, pickles, rebuçados, mel… Abre--se ainda ao artesanato ou a quaisquer outros produtos feitos em casa (desde que pelos próprios ou por familiares): malhas, luvas, meias, cachecóis e tudo o que a imaginação e a habilidade forem capazes.

Para trocar há que ter imaginação! Se quer participar e não tem a sorte de possuir nada do indicado pode experimentar fazer um bolo/pão e venha trocar. Mesmo que apareça só por curiosidade ou vontade de observar traga uma chávena para ser ofertado com um chá de boas vindas! A sustentabilidade deste evento é uma palavra de ordem por isso não há lugar a copos de plástico e semelhantes.

Das 15h30 às 17h30 experimente dar outro valor às coisas… de igual para igual. Esta ideia está a ser concretizada por um grupo de amigos, contando com o apoio da Câmara Municipal da Horta (integrando a iniciativa Dias Verdes - ver caixa). Partilhe a sua curiosidade e venha espreitar e trocar no mercado de trocas de 26 de Março… inédito só para alguns!

Lídia Silva

Colaboradores:


Capa: Margarida Melo Fernandes - Lengalenga
Opinião: Lídia Silva
Arquitectura e Artes Plásticas: Ruth Bartenschlager, André Nogueira de Melo
Literatura: Miguel Valente, Mariana Matos
Ciência: Joël Bried
Gatafunhos: Tomás Melo

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